sábado, 4 de abril de 2009

Por baixo dos panos

Eu estava sentindo calor. Sim. Esse tipo de calor que arde úmido e constante por baixo dos panos. Recebi os jovens rapazes na minha casa. Tenho uma casa grande no bairro de uma Universidade. A Casa tem quatro quartos e eu moro sozinha, estava na hora de ganhar algum dinheiro. Cobrei 300 reais de cada universitário. Não ofereci Casa para meninas. Mulheres falam demais, brigam, competem... Enfim.
Eu permiti que eles trouxessem cerveja, cachaça e outras bebidas... Meu contrato não era com os pais deles, então que bebessem! Só não suporto qualquer tipo de fumo. E seriam somente eles. Nada de visitas. Um deles tinha os cabelos negros, mas negros mesmo, a franja caindo nos olhos. Era desarrumado com um charme notável.
Estava calor. Numa terça feira à noite juntei-me aos garotos. Quantos anos tinham? 22? 25? Não era uma diferença tão grande assim. Trouxe duas garrafas de boa Vodka e os olhos deles brilharam. Nós sentamos e conversamos. A Vodka tornou tudo mais fácil. Se fosse alguns anos antes eu beberia alguns goles de vinho suave, leve e expendioso. Esses garotos eram de Vodka.
Eu não me lembro de ter rido tanto por bebidas antes. Eles eram engraçados, espertos, simples... Ou talvez eu estivesse solidária. É possível. Quando era meia noite os rapazes já estavam desmaiados no tapete da sala. Acordei-os. Foram cada um para o seu quarto, resmungando. Que bebessem até desmaiar, mas que dormisse cada um em seu quarto, ora!
O de cabelos negros foi o primeiro a ir dormir. Faltou luz e o calor estava insuportável. O calor era úmido e insuportável. Passei pelo quarto dele, que dormia de bruços e sem camisa, ele tinha uma tatuagem nas costas. Nunca tinha tocado em um homem com tatuagem... Aproximei-me, ainda lenta da Vodka e toquei suas costas com carinho... Ele era tão jovem... Mas era um homem... Ah, isso era!
Passei as unhas de leve em suas costas e ele tremeu em um pequeno espasmo. A minha boca salivava do calor. Encostei os lábios em sua nuca e expirei em seu pescoço até que ele se virasse para mim. Os olhos lentos... Ébrios. Abri sua bermuda de velcro rápido porque não suporto o barulho, mas avançava lentamente em direção a ele. O barulho do velcro me despertara a consciência do silêncio. Qualquer um podia ouvir até meus pensamentos. Abri a calça e o vi. Era grosso e rosado. Adorável. Minha boca salivava dos calores, e o que fiz não passou de um instinto natural.
Ele gemeu ao sentir o calor da minha boca, a saliva. Colocou a mão na minha cabeça e emburrou-a com força pra baixo. Eu salivava muito. Ele ardia. Curvava o corpo para trás, e sugava o ar por entre os dentes trincados. Ele respirava audivelmente, e eu me deliciava observando-o.
Olhei para ele, que desfez o coque de minha cabeça, soltando meus cabelos ruivos. Sentou-se na cama e tirou minha blusa em uma pressa desajeitada. Arrancou-me o sutiã, e sorriu ao apertar meus grandes seios... O toque dele era firme, mas não agressivo.
Ajoelhei-me, levantei a saia sem nada por baixo e ele penetrou-me, maior do que eu, dolorosa e deliciosamente grosso. Eu ardia. Mais calor. Mais úmido, nossos corpos dançavam, e eu podia sentir o gosto na minha pele. Deveria existir um nome para isso. Um nome mais específico que sentir. Mais denso que “tato”. Era uma sinestesia, era o cheiro de perfume, de vodka e de suor, o gosto da saliva, da pele, do hálito, ouvir e sentir a respiração dele em meu pescoço, o calor que nossos corpos criavam, ver suas expressões, seus olhos mais alertas, e ainda me ver, como uma experiência extra corporal, ver a mim e a ele, com a consciência do perigo, do mistério e de todos os infinitos prazeres que um causava ao outro. Encaixados, dançávamos mais rápido.
Pressionou-se contra mim, e apertou minhas costas até preencher-me de si... Eu me contraía até extasiar-me, e o êxtase chegou acompanhado de um gemido baixo.
Nossos corpos desmoronaram: primeiro ele, depois eu. Aquilo era sexo. Era plasticamente grotesco, era pré-histórico, era necessário e urgente.
Nos dias seguintes eu achei que as coisas mudariam, mas não. Não acho que ele tenha contado aos amigos. Ele não era uma criança. Era mesmo um homem. Parecia me olhar com admiração, respeito, como se eu fosse uma mulher agora. Como se não o fosse antes. Uma mulher que tinha sabor, gosto. Eu me sentia mais mulher agora. Eu era mais mulher.

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